Mesmo com os atendimentos suspensos em função do coronavírus, as agências da Previdência Social continuam movimentadas, segundo os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A categoria enviou aviso de paralisação à Secretaria de Previdência, com início a partir de segunda-feira (dia 23) em algumas agências. A ideia é evitar a exposição de servidores e segurados à contaminação.
Uma fonte contou que o clima nos últimos dias foi tenso dentro das agências:
— Os servidores estão estressados ao extremo. Não adianta suspender os atendimentos e deixar a agência aberta, porque o segurado vê o servidor lá dentro e quer ser atendido. O plantão nas agências é uma loucura — alegou.
Segundo Rolando Medeiros, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdencia Social do Estado do Rio (Sindsprev), foram recebidas denúncias dos servidores também sobre falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) como álcool gel, luvas e máscaras.
— São 11 milhões de analfabetos funcionais, temos 22% dos lares urbanos sem internet. Milhões de brasileiros têm dificuldade de utilizar a internet. O segurado até tenta fazer os processos pela internet, mas encontra dificuldades, e aí vai para as agências. Porque ele liga para o 135, mas não fica satisfeito com a resposta que recebe. Aí temos os servidores com mais de 60 anos de idade trabalhando de casa, que são boa parte do funcionalismo do INSS, e os plantonistas sem álcool gel, sem a proteção necessária, num ambiente fechado, e mesmo com a quarentena tem uma demanda que está procurando as agências. Todo esse ambiente está levando a um movimento por parte dos próprios servidores, obviamente com a participação das entidades sindicais do Brasil inteiro, de promover paralisação do atendimento presencial — explicou Rolando.
Em nota, o INSS reforçou que "durante o período de contenção da epidemia, o canal de acesso aos serviços prestados deve ser pelo Meu INSS ou Central 135", acrescentando que na capital do Rio a maioria das agências está fechada. "Algumas estão atuando com plantão de servidor para orientação do uso dos canais remotos".
Além dos servidores que atuam no atendimento, funcionários que exercem atividades administrativas internas também permanecem trabalhando de maneira presencial.
"Com exceção dos maiores de 60 anos, imunodeficientes ou com doenças preexistentes crônicas ou graves; e responsáveis pelo cuidado de uma ou mais pessoas com suspeita ou confirmação de diagnóstico de infecção por COVID-19, desde que haja coabitação, que estão sendo direcionados para trabalho remoto, viável por rede digital", informou o INSS.
As análises de processos prosseguem, segundo o instituto, por meio do trabalho remoto.
"Medidas diversas têm sido implementadas para sustentar o pagamento dos benefícios. E tarefas da área administrativa que não podem ser adiadas foram priorizadas", destacou a nota.
Fonte: Jornal O Dia