O governo admite, porém, recuar na
proposta da equipe econômica de desvincular os benefícios do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) do salário mínimo.
Apesar da gritaria contrária das centrais sindicais, o
presidente interino, Michel Temer, manterá na proposta de reforma da
Previdência Social, que será encaminhada ao Congresso Nacional, idade mínima
para aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres. Esse limite também valerá
para os servidores públicos, cujo sistema poderá ser unificado ao dos
trabalhadores da iniciativa privada. O governo admite, porém, recuar na
proposta da equipe econômica de desvincular os benefícios do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) do salário mínimo. Para auxiliares de Temer, a
desvinculação barraria o andamento da reforma, por ser um tema que provoca
muita discórdia. Eles garantiram que haverá regras de transição para quem já
está no mercado de trabalho.
Representantes das centrais almoçaram ontem com o presidente
interino Michel para discutir a reforma da Previdência e ações de combate ao
desemprego. Participaram do encontro, no Palácio do Jaburu, 85 representantes
de sindicatos ligados a quatro centrais: Força Sindical, União Geral dos
Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central
dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Esse grupo representa cerca de 60% dos
sindicatos e tem aproximadamente 5 milhões de filiados. A Central Única dos
Trabalhadores (CUT) não tem participado de reuniões com Temer por não
reconhecer a legitimidade do governo interino.
O governo criou no mês passado um grupo de trabalho para
debater alterações nas regras previdenciárias. Na época, afirmou que as
propostas seriam encaminhadas ao Congresso em um mês — prazo que se encerra
amanhã, mas agora foi estendido para o final de junho. O presidente afirmou que
não fará nada contra os trabalhadores e apelou por compreensão e diálogo, “em
nome do país”, que assumiu em grande dificuldade. “Elas são maiores do que
vocês podem imaginar”, declarou. “Temos que fazer mudanças por meio do diálogo.
Vamos nos entendendo. Não podemos ir da cordialidade para a falta de
cordialidade”, afirmou Temer.
As declarações foram publicadas pela assessoria de imprensa
no Twitter do presidente interino ainda enquanto transcorria o encontro. Ele
lembrou que completou 27 dias no governo, período em que aprovou medidas
importantes no Congresso, como a ampliação da meta fiscal, para um deficit de
R$ 170,5 bilhões e a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
Discórdia
Na saída do almoço, que durou cerca de duas horas, o
presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), disse
que o principal ponto de discórdia entre as centrais e a proposta do governo é
a insistência em estipular idade mínima para a aposentadoria. “Estamos
apresentando propostas para o governo resolver de imediato o caixa de
Previdência, como vender prédios abandonados, e destinar a ela metade do
dinheiro arrecadado com jogos de loteria, medida que deverá ser aprovada pela
Câmara. Qualquer reforma é de médio e longo prazos. Precisamos resolver o
problema do deficit que a Previdência tem”, afirmou.
Está marcada para a próxima segunda-feira uma reunião das
centrais sindicais com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e o da Fazenda,
Henrique Meirelles, no Palácio do Planalto. O presidente da Força Sindical
acrescentou que uma das sugestões levadas ao presidente interino para estimular
a geração de empregos é a edição de uma medida provisória para tratar dos
acordo de leniência de empresas que têm diretores presos pela Operação
Lava-Jato, da Polícia Federal. “Não queremos interferir na Lava-Jato, mas as
empresas não podem pagar pelos malfeitos dos diretores; isso (os acordos) pode
alavancar o setor da construção civil, da construção pesada”, declarou.
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos
Brasileiros (CSB), ressaltou que a reunião tentou avançar na discussão de
soluções para a crise econômica. “Queremos apresentar sugestões para reduzir o
desemprego e colocar a economia para girar de forma que beneficie o povo”,
afirmou.
Fonte: Estado de Minas