O crescimento mundial
dos salários estagnou e continua inferior às taxas de antes da crise, mas a
diferença de remuneração entre economias emergentes e desenvolvidas está
diminuindo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No
"Relatório Mundial Sobre Salários 2014-2015", a OIT descreve o
mercado de trabalho como em estado de desordem em vários países, e fala de
"enorme desafio" para a absorção de 199,4 milhões de desempregados
atualmente e a integração de 395,7 milhões de novos trabalhadores na próxima
década. A organização considera que a expansão dos salários está longe de
recuperar a taxa de 3% anual de antes da crise. Em 2013, o aumento de
pagamentos foi de 2%, em queda em relação a 2,2% no ano anterior. E o essencial
da alta modesta deve-se quase integralmente às economias emergentes do G-20.
Nos países desenvolvidos, o salário médio real estagnou ou caiu. Na Espanha,
Itália, Grécia, Irlanda, Japão e Reino Unido a remuneração média em 2013 foi
inferior a seu nível de 2007. Ao mesmo tempo, a produtividade do trabalho (o
valor de bens e serviços produzidos por pessoa empregada) superou o crescimento
salarial nas maiores economias, principalmente Estados Unidos, Alemanha e
Japão. Isso resulta em baixa na parte da remuneração do trabalho no PIB. Nos
emergentes, essa parte aumentou na Rússia, mas diminuiu na China, México e
Turquia. A organização constata uma lenta convergência de salários médios de
economias emergentes e em desenvolvimento com os de países ricos. Na Ásia, os
salários reais subiram 143% desde 1999, enquanto nos países desenvolvidos, só
6,3% e na América Latina, 18%. A Ásia começou de uma base muito baixa. As
diferenças de remuneração ainda são substanciais. Nos EUA, o salário mensal
médio, medido em PPC (paridade de poder de compra), é de US$ 3.000, comparado a
US$ 613 na China e US$ 215 na Índia. Mas a OIT diz que essas cifras também
mostram que a diferença antes era muito maior. Em termos reais, os salários
subiram globalmente, mas muito mais nos emergentes. Contudo, a remuneração
média mensal nas economias desenvolvidas em 2013 era de US$ 3 mil em PPC, três
vezes maior que nos emergentes. O salário médio mundial mensal é estimado em
US$ 1.600. O relatório traz uma análise sobre tendências recentes de
desigualdade de renda de famílias e o papel dos salários. Nas economias
desenvolvidas, os salários representam de 70% a 80% da renda da família. Nos
emergentes, varia de 50% a 60% em México, Rússia, Argentina e Brasil. A
constatação é que as desigualdades aumentaram recentemente em países como os
Estados Unidos e a Espanha, tendo a baixa salarial como um dos fatores
dominantes. Onde as desigualdades diminuíram, como no Brasil, na Argentina ou
na Rússia, os salários e a criação de emprego tiveram papel central para
reduzir as desigualdades.