São Paulo, 18 - Professores da Fundação Getulio Vargas (FGV),
do Insper, da Fipe-USP e da Faap elaboraram um manifesto em apoio às medidas
econômicas adotadas no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O
documento circulou pelas universidades paulistas há duas semanas e já foi
endossado por 104 economistas.
Na lista dos professores que assinaram o manifesto
estão Ernesto Lozardo e Yoshiaki Nakano, ambos da FGV; Marcos Lisboa, do
Insper; Carlos Luque, da Fipe-USP; e Luiz Alberto Machado, da Faap.
No documento batizado de "Manifesto dos
economistas em apoio às medidas de ajuste fiscal e econômico do governo
federal", os professores afirmam que a economia brasileira enfrenta uma
"grave crise fiscal" e que, se o programa de ajuste não for adiante,
o Brasil corre risco de perder o grau de investimento, o que resultaria
"em um aprofundamento das dificuldades econômicas, financeiras e do
emprego."
Para os economistas que apoiaram o documento, as
correções nas distorções de políticas públicas e sociais vão permitir ao País
"recuperar a credibilidade na política econômica, assegurar a queda das
taxas de juros, da inflação e a expansão da oferta."
O texto não cita o nome do ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, e faz criticas à nova matriz econômica desenvolvida no primeiro
mandato da presidente Dilma. O manifesto deverá ser entregue para as principais
lideranças do Congresso Nacional e para o vice-presidente, Michel Temer.
Dificuldade
O documento é elaborado num momento no qual o
governo tem dificuldade para defender algumas políticas econômicas entre os
seus apoiadores. A equipe econômica tem sido criticada por aliados por adotar
medidas consideradas ortodoxas, que foram rejeitadas pela petista durante a
campanha presidencial do ano passado. Para piora o quadro, o governo tem de
defender essas políticas num quadro econômico bastante complicado e sem um sinal
claro de recuperação no curto prazo. No último relatório Focus, do Banco
Central, a expectativa dos economistas é que o Produto Interno Bruto (PIB)
recue 1,35% em 2015 e cresça apenas 0,9% no ano que vem.
"Notamos que houve um movimento político contra
as medidas econômicas, ou seja, para que se volte a fazer assistencialismo
fiscal", afirma Lozardo. "Alguns economistas estão comparando as
medidas adotas no Brasil com as políticas de austeridade adotadas nos países da
União Europeia que levaram ao desemprego. Não é nada disso. A União Europeia
tem problema de demanda, o que não é o nosso caso. Temos problemas de
oferta", diz.
Nos últimos dias, a presidente Dilma teve de ir à
público defender a sua nova política econômica. Em entrevista concedida ao Estado,
ela disse que Levy não pode ser transformado em "judas". Na abertura
5º Congresso do PT, a presidente voltou a pedir a apoio da legenda para as
políticas de ajustes.